domingo, 13 de dezembro de 2009

O que não sou. (com toques de loucura a mais)

Não senti, porque obviamente racionalizei.
Apesar de ter me arrebatado, quase como um soco no estômago, a percepção que me faltava, que responderia às minhas perguntas. Não respondeu. Apenas criou outras, por ora nebulosas.
Descobri o que há tempos me incomodava como uma lacuna. Descobri que o que não pertencia podia doer. Sabia doer. E me pergunto se a dor deveria não me pertencer igualmente.  
Não poderia mais buscar o que não conhecia. Soa como um convite à ignorância, mas não trata-se disso. A questão é clara e simples (o que não sou): não pode ser meu, não pode adentrar as minhas lacunas e reentrâncias o que me é mais do que estranho. Não pode sequer ser novo. Apenas desconhecido e alheio. 
Não sei exatamente em que ponto as transformações se dão e de repente me invade o novo, antes alheio, etc. Algo em mim. Algo nele. Traçando as linhas para além da nossa compreensão, que fazem do desconhecido algo agora mais próximo, que destrói a impossibilidade de possuir.

É a sede de pertencer que me preocupa ou será apenas o interesse pelo intocável?
Que quando se torna tocável perde o interesse, a sensatez, o brio. Resta a dúvida: melhor tocar e perder ou permanecer na ignorância e desejo eterno? 
A indiferença não tem sido uma alternativa, a partir do momento que também tem sido indiferente a mim. Ou poderia dizer: (-) + (-) = +
Eu queria qualquer tipo de loucura sem dono, pra gritar com uma voz que não é minha mas é de todo mundo e dizer que menos com menos pode ser menos. Mas já não sei onde andam minhas personagens transgressoras capazes de modificar as leis matemáticas da minha (i)lógica. 


Já não sei como sair de mim. Meti-me por tantos labirintos que me transformei num deles. E agora digo em francês, em inglês, digo com os olhos, digo em voz alta pra alguém que não você, que não seja ninguém além de mim: je ne suis plus. 
Assumo meus arranhões e minha falta de jeito numa tentativa desesperada de mudar algo que pela metade me corrompe, me corrói. E dói.
Porque se não falo da dor do doar-se, e do doar-se que toda a dor nos impõe, não falo. Só calo.



E vou assim como quem nada quer e sigo querendo o intocável por frações de segundo até que alguém saiba dizer meu nome e eu esqueça de mim. Utópico.
Não me esqueço se não saio de mim, não saio de mim se sou um labirinto e só tenho saídas para dentro. E se só as tenho assim, é certo que não desembocam em lugar algum. Não deixo de ser um labirinto se prosseguir. Não prossigo se. Prossigo porque a inércia não me diz nada que eu já não saiba. E não sei tanto, tampouco, mas continuo, em expansão, implodindo.


Minha imperfeição com toques de loucura me faz intocável também?
Eu diria: é efêmero, não há reciprocidade e tudo isso só pertence ao segundo que se foi. Tudo o que digo aqui já é velho, já não ouve mais, apenas grita e mostra suas feridas abertas. As feridas de um labirinto velho que nasce e morre a cada dia só pelo prazer de doer e não mais ser.



Um comentário:

Anônimo disse...

a atriz mais cheia de mimimis que já "conheci" ahahaha =D