sexta-feira, 31 de julho de 2009

Claro que gostaria de não ter de me render a tantos clichês, todos os dias. De mentir menos, ou ter a consciência pesada. Queria não precisar de tantas citações e palavras bonitas, de uma vida tão cheia de referências.
Gostaria ainda, de não precisar de todos esses suspiros, de tanta cerimônia. Não sei ao certo quando foi que perdi a essência, quando deixei de ser prática e tornei-me prolixa, num sentido estritamente pejorativo. Quando foi que deixei de sentir em detrimento da razão.
Quando passei a transformar tudo em lirismo barato. Onde foi que me tornei apenas palavras, metáforas em excesso e neurônios em explosão (e extinção). Não sei onde foi que me perdi. Talvez numa das curvas que fiz.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

It's not going to stop, till you wise up.

Perco tempo demais buscando. Coisas que não virão, não serão. Há muito que não acredito nessas coisas. Esse desacreditar profundo também começa a incomodar. Antes desacreditava com profunda fé, agarrava-me em algo para não sair totalmente de mim e do “real”. Tudo tão subjetivo e eu procurando verdades, me agarrando em coisas que

É óbvio que quando se conquista o objeto de sonhos e noites em claro ou de sono conturbado, ele perde um pouco do seu valor. Assim, no mais das vezes, generalizando. Ou quando se começa a gostar de algo, a sentir, compreender. Acaba, some, perde o sentido. Não existe felicidade plena, e não digo absolutamente, porque não sou sábia e tenho de perder a mania de firmar preceitos, verdades absolutas absurdas. Toquei na ferida. Tantas buscas, tantos vazios percorridos e não sei o que extraí desse todo-tão-pouco. Continuo sentindo-me (e julgando-me, infelizmente) parca. Não tenho a pretensão de ser sábia, tão cedo. Mas nem o sentimento de aprendizado, tampouco o colocar em prática (re)tenho. Pretensiosamente, diria que tenho certo conhecimento, mas não a sabedoria para manuseá-lo. De que me servem todas essas teorias, as palavras apreendidas dos livros, as imagens grafadas em mim? Nada. Para fim nenhum, se não tenho o fogo a que se referiu Platão (e mais superficialmente, Hesíodo), o conhecimento, a sabedoria, esse "wise up". Sinto falta da minha antiga praticidade. Vivo relapsa, esqueço propositadamente, erro por pura displicência, sem culpa. Criei-me um monstro que devora tudo sem nada absorver. Não me sinto pedante, pesada, impenetrável. Antes preferiria sentir-me hermética, do que vazia. Não faço confusão dos conceitos, dos números, datas e autores. Não sei se são eles que não se encaixam em nada, nesse mundo, nesses povos, ou se sou eu.
Provavelmente me questionarei enquanto viver. Desejarei mais sabedoria e situações palpáveis do que posso possuir. Não há remédio. Deixar-se sucumbir à ignorância ou recorrer às velhas tentativas inábeis de preencher os vazios. Tornar-se sábio ao invés de esburacado, como se cada passagem e passageiro deixassem essa grande lacuna, como se o próprio ser se transmutasse em filtro para todos estes pontos de interrogação gritantes.