quarta-feira, 17 de setembro de 2008

O mundo não acabou, minha loucura ainda é a mesma, minha crença sou eu e o resto é estória.

Recorrendo novamente ao meu velho e acomodado egocentrismo, tenho me visto em tentativas de formular teorias quaisquer.
Eu, o centro do universo. Meu nariz, e tudo girando ao redor dele.
Já reparou como as pessoas, num sentido geral, parecem [e se fazem] coadjuvantes? Estou sendo extremamente cretina, tudo bem, deixemos passar.
Coadjuvantes, personagens efêmeros da minha trama. Do meu filme, dos meus retratos e devaneios.

Por outro lado, descobri-me sincera e crítica observadora de quase tudo. [Documentarista?]
Passo a maior parte do tempo observando, analisando o alheio. Não pratico as ações, não sou a agente ativa dos enredos. Olho, documento, atento ao que vejo e formulo teorias que não servem para coisa alguma.
Dois opostos interessantes. Cada um a seu tempo trazendo diferenças e pequenas contemplações para agrupar meu emaranhado particular. Não precisa ser interessante, basta que seja meu, que seja único.

Tentando concatenar idéias, pergunto-me qual o meu papel nisso tudo. É cômodo dizer, mas me vejo como uma mutante que vai se moldando para poder roubar um pouco de tudo, de cada essência e tenta se adaptar à tudo, fazendo, na realidade, com que tudo se adapte à sua verdade. No caso [hoje e sempre] a minha verdade.
Ainda estou no superficial, no raso. Mas gostei tanto de ser o centro do universo, mesmo que em inércia, apenas assistindo, que não quero abandonar essas teorias. Quem sabe me aprofundo nisso. Fundo uma seita maligna qualquer e fico rica. Não, não, esqueça. Mas que eu não vou me deslocar sequer um centímetro do meu posto de dona, dominadora e de toda a minha supremacia, não mesmo.

domingo, 14 de setembro de 2008

Atento ao que sou e vejo, torno-me eles, e não eu. Não sei quantas almas tenho.

Andava pensando. Já fui pior. Já falei mais, já falei demais, já disse o que não devia. Reclamei demais, deixei de arriscar e fingi muito. Deveras. Ainda finjo. Já fui mais cega, tive a cabeça fechada e a visão limitada. Ainda tenho. Ignorei meus erros, andei na contramão. Mas hoje uma sensação agradável veio me fazer companhia. Sensação peculiar de gostar da minha vida nesse momento, de mim, desse dia. Influência desse sol de fim de tarde, de palavras alheias, de vidas que não são minhas, não são a minha.
Uma certa tranqüilidade invadiu-me, como se fosse bom estar aqui nesse exato momento, desse modo, com tudo assim, sem nenhum errinho, como se nada disso fosse equivocado.
Creio que logo passará. Tudo voltará aos seus modos costumeiros. Voltarei a falar demais, a rir muito mais do que saudável, direi coisas sem sentido. Mas agora é como se tudo estivesse perfeito, no seu lugar por excelência. Como se eu não quisesse estar em qualquer outro lugar além de aqui.
Fico feliz por não ter os problemas dos outros. Fico feliz até com o meu egoísmo exacerbado e com um hedonismo que de repente tomou conta de mim.
Não sei de onde vem. Mas acho que gosto mais de mim assim, menos irritada, mais pensante, mais do contra e mais susceptível, ao mesmo tempo.
Também não sei se quero deixar de sentir saudade, se quero me petrificar tanto quanto possível em nome de um orgulho que não sei onde me levará. Nunca deixei de ser orgulhosa, e egoísta, principalmente. Perfeitamente egoísta, com todos os defeitos cabíveis. O que é isso? Estou quase dando a receita de como se faz uma Amanda.
Esqueça, não serve pra nada.



quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Pedaços de silêncios perdidos.

De repente me ocorreu questionar o porquê de tanta nostalgia. Isto é, trata-se de saudade verdadeira? Será que o que passou é melhor do que todo o agora? Por que as amarras de um passado que num presente qualquer não pareceu tão brilhante agora se mostra tão atraente?
Gozado como o antigamente parece bonito hoje, como as músicas recorrentes daqueles tempos nem tão remotos assim agora carregam outras faces e significados, inspirando saudades, cheiros, toques. Tenho a noção de que daqui a algum tempo estarei invocando as imagens e lembranças de um hoje que se não me passa despercebido, não atinge tanto quanto poderia, não fere, mas sempre deixa marcas. Não queria ser intocável, insensível, alheia. Mas noto que não é de hoje essa minha tendência de remoer (não num sentido totalmente negativo) o passado em busca das mesmas impressões e olfatos. Tatear o que se foi com a mesma pressa daqueles dias. Apenas esqueço que passaram. Que não sou aquela mesma, inteira. Permaneço incompleta, mas em eterna mutação (quase parafraseando Clarice), o que me leva a crer numa forma incompleta eterna. E gosto de pensar que a eternidade sempre cede ao meu instante, agora sugando a genialidade de Millôr. Porque assim penso mais em mim, alimento meu egocentrismo aparentemente saudável e continuo a sorrir sem saber por quê. Preciso? Quase sempre fui a primeira a defender a racionalidade, mas esse excesso de razões e intempestivos porquês me incomoda. Basto-me sem alguns deles, deixando algumas lacunas no caminho. Buscar explicação para tudo é querer saber demais. Será mesmo? Gosto de querer saber demais e então lembro de Tarsila com sua antropofagia, eu com minha fome de tudo e mesmo assim deixando linhas em branco por não ver o suficiente, por perder tempo, por me afogar em razões e lógicas desnecessárias.
Refletir sobre o passado seria como resgatar os aprendizados anteriores, ou pura perda de tempo de alguém que não quer assumir o presente porque gosta de viver de lembranças? Existe equilíbrio entre tudo isso? Um pouco de cada, remoendo para crescer, desenterrando lições longínquas e buscando a intensidade [aparente] do passado no presente/futuro?

Não sei por que falo tanto sobre tempo. Não o aproveito como deveria, apenas vejo-o passar e se esgotar em minhas mãos. Somente observo. Não concluo, não completo, não traduzo, mas queria ser um pouco de tudo, conter todas as magias, encantos e abstrações que tanto me atraem.