sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Silêncio.

Fiquei em silêncio. Primeiro, sem motivos, sem espreitar razões ou porquês. Depois, por ter todas as razões do mundo, sentir os porquês, apesar da enorme incapacidade em descrevê-los.

Resignei-me como de costume. Engoli as palavras e meu ego em forma de som e saliva e voz. Quando tentei articular palavra, nada me saía. A voz, embargada, como se quisesse dizer que nada havia para se dizer. Não faria sentido concatenar ideias fora de mim, quando ninguém havia que se habilitasse a ouvi-las e tampouco compreendê-las. Eu mesma não compreendia e ainda assim, com certa angústia a fazer-me do peito um nó, estava satisfeita. Não sei se por ter entendido que nem sempre o dito tem valor, ou que sempre temos ouvintes (o que não temos), ou ainda que nem tudo para existir precisa de voz e aprovação. Não descarto a hipótese de não ter entendido absolutamente nada, o que também não me desagradaria. Nem mesmo meu egocentrismo é onipotente, e custa-me admitir isto, mas assim é que se é. Talvez seja tempo de se desfazer de algumas grandes dores, encontrar outras, menos barulhentas e insípidas.

Sei que quebrei meu silêncio, mas não é tudo. Esse é o meu silêncio particular, não importa quantos ecos se façam ouvir. Nem tudo pode ser silêncio porque apenas o que resta é silêncio.


E no fim e no começo, o próprio silêncio fora a razão de tudo.