sexta-feira, 25 de julho de 2008

Não há última esperança. Quem procura não acha. Criação é coisa sagrada.

"Zézim, ninguém te ensinará os caminhos. Ninguém me ensinará os caminhos. Ninguém nunca me ensinou caminho nenhum, nem a você, suspeito. Avanço às cegas. Não há caminhos a serem ensinados, nem aprendidos. Na verdade, não há caminhos. E lembrei duns versos dum poeta peruano (será Vallejo? não estou certo): “Caminante, no hay camino. Pero el camino se hace ai anda”.

Zézim, vou te falar um lugar-comum desprezível, agora, lá vai: você não vai encontrar caminho nenhum fora de você. E você sabe disso. O caminho é in, não off. Você não vai encontrá-lo em Deus nem na maconha, nem mudando para Nova York, nem.


Zézim, remexa na memória, na infância, nos sonhos, nas tesões, nos fracassos, nas mágoas, nos delírios mais alucinados, nas esperanças mais descabidas, na fantasia mais desgalopada, nas vontades mais homicidas, no mais aparentemente inconfessável, nas culpas mais terríveis, nos lirismos mais idiotas, na confusão mais generalizada, no fundo do poço sem fundo do inconsciente:

Sem últimas esperanças. Temos esperanças novinhas em folha, todos os dias. E nenhuma, fora de viver cada vez mais plenamente, mais confortáveis dentro do que a gente, sem culpa, é. Let me take you: I’m going to strawberry fields.
"

- Caio Fernando Abreu.

na íntegra: releituras

quinta-feira, 24 de julho de 2008

O não e a precariedade.

Essas reflexões de meio-fio às vezes trazem algum resultado, mesmo que de início pareçam meio ilusórios. Na verdade eu acho tudo isso muito superficial. E você, que não sabe o que seria o meu "isso", é abstrato demais? Que continue sendo, abstraia.
Mas numa dessas, acabei voltando a um ponto já visitado. A discussão e impressão do não-pertencer. Talvez não passe de um sentimento que vai e volta sem dar explicações porque não deve ser cobrado, ou talvez seja só fruto da imaginação dos fracos que precisam ter em que se agarrar. Não importa em qual deles eu efetivamente acredito.
Mas negar, não.
Não nego.
É constante, o não-pertencer, não ser de lugar nenhum, não querer se entregar, não se encaixar, não se reconhecer no alheio, no que quer que seja, lá fora.

Diriam que é um sentimento comum à quase todos. Por que não inerente? É preciso se ter uma certa sensibilidade para [re]conhecê-lo, não?
Não duvido que se faça presente em cada vida por aí. Mas presença não é tudo.
Quem sabe não seja apenas uma tentativa minha de possuir um 'sentimento' que ninguém mais tem, pra me sentir única, ou coisa assim; sanar minhas carências.
Que seja. Ainda assim, isso não resolve a questão, não preenche o vácuo que resta. Sei que já falei sobre ter ou não talentos, dons, chame como preferir. Mas ainda me sobram dúvidas acerca da sua 'essenciabilidade', do quanto eu preciso de coisas desse tipo, do quanto me faltam.
Enquanto não descubro onde me encaixo ou como metamorfosear minhas falhas, vou me escondendo atrás dessas palavras, que não trazem conforto, mas aliviam e mascaram a solidão.


terça-feira, 22 de julho de 2008

contradizendo o óbvio.

Eu poderia falar sobre as noções do tempo. De como ele tem passado depressa, e eu não vejo e acabo não tendo certeza das minhas certezas inabaláveis.
Afinal, quais seriam meus limites?
Quem os define? Até onde ir? Acho que estou sendo simplista demais. O fato é que me esqueci o que ia dizer. Me contradizendo novamente dos meus últimos devaneios: será que não é melhor esquecer? Esquecer de forma conveniente não seria a essência da ignorância no seu estado mais puro e primitivo?

terça-feira, 15 de julho de 2008

amores e ângulos obtusos. porque aqui nada precisa fazer sentido.

É isso. É assim que vou, de um jeito ou de outro, [re]descobrindo e aumentando a minha paixão pela sétima arte. A arte da espera, da paciência. Não que seja inesperado, mas são sacolejos confusos que você leva até cair no lugar onde deve estar, e talvez nunca descubra que é o seu lugar. Ainda assim, não me precipito afirmando certezas irrefutáveis. Sem pessimismo e modéstia, é assim que é. Não me deixo levar sem preparo, mas não espero muito, não quero exigir o que não sei nem de onde provém.
Ao mesmo tempo, sinto um gritante sentimento de acerto, de aceitação própria de um caminho a desvendar, a conhecer mais, a, quem sabe, amar. Há muito deixou de ser uma euforia momentânea, paixonite efêmera. Mas o tempo passou rápido, nem vi direito como cheguei aqui com cada uma dessas idéias, sem conclusão, mas idéias que impulsionam e se fazem presentes. Com ou sem incerteza.
Como se fosse fácil responder, "que é que você quer da vida, afinal?"; e a vida o que quer de mim?
Dúvida sempre haverá. Eu não nego a sua essência em todos os processos, criativos ou não. "Essenciabilidade".

Diverti-me muito hoje. Poderia ter ficado mais tempo, nem o veria passar, não fosse a tontura/dor de cabeça por tanta exposição ao sol e holofotes, etc
É como a afirmação de uma escolha já antes certa, um quê de inquietação [porque esta também sempre estará presente, e se mostra em situações mais extremas] e certeza. Não é o florescer, é o re. Reinventar, reinovar, recriar, reacreditar.
Concordo no que tange à prática do cinema, é com ela que se aprende. A teoria me faz crescer, me mata pequenas curiosidades, é sempre conhecimento. Mas é com a prática que a coisa toda toma forma, tamanho, ganha identidade e documento.
Envolver-se nisso, mesmo que indiretamente, é um desafio e um experimento ótimo [e cansativo, mas isso é o de menos]. Doar-se um pouco para aquilo que você elegeu como a sua escolha, como parte fundamental da sua vida. No caso, da minha. Não é todo dia que alguém faz escolhas dessa natureza, mas o meu cada dia é assim.
Não me arrependo ainda, mas me desiludo quando necessário, para tornar as coisas mais palpáveis, reais à medida do [meu] possível. Talvez eu me contradiga dizendo que "eu sou eu e minha circunstância", como um dia disse Ortega y Gasset. Mas eu quero poder fazer a circunstância, torná-la minha e menos óbvia, dolorosa, mais proveitosa, fértil. Colocar mãos à obra e obter um resultado que possa chamar de meu, ter orgulho, aprender realmente e evoluir com aquilo.
Você desanima se não se descobriu ainda, se não sabe o seu lugar, o tal talento. Por que diabos pra ser bom você precisa ter talento? E se eu criar meu talento? E se ele se esconde de mim, conseqüentemente de todos? Então, o que é que fica? 'O que é que sobra?' [sei, essa frase tem sido recorrente... como se eu realmente me importasse só com os restos].
Gosto dos desafios. De não ter total certeza acerca do que está por vir, cedo e tarde, a gente querendo ou não. A incerteza é inerente à existência humana. Por acaso você imagina a vida sem ela? Qual nada, ou o meu pensamento é limitado demais e não vejo além dessas paredes.
Assim, desafio por desafio, espero me motivar, expandir as idéias pré-concebidas, e delas tirar o devido valor. Fazer tudo ao contrário, mudar para ir além, e começar de novo, por que não?

Se eu tivesse resposta pra tudo que me condiz, não estaria aqui na frente de uma tela, como se falar por meio de um monólogo à paredes virtuais fosse de extrema importância, atividade construtiva, e que fosse me render bons frutos. Não espero as respostas certas para as perguntas erradas. Simplesmente não espero. Nada. Quem sabe seja apenas pra não esquecer de tudo da próxima vez que eu fechar os olhos.

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Hipoteticamente falando...

Engraçado. Eu ainda tenho aquela vergonhazinha desse blog. Ainda acho que me exponho demais e me sinto assim, meio nua quando me lêem. Talvez eu pudesse dizer que metade de mim, do que tenho por dentro, está aqui. A outra metade, parte é mais obscura, a qual escondo até de mim mesma, sem coragem de olhar, tampouco de externar; o resto, bem, o resto é o que todo mundo consegue ver, o superficial, talvez o menos importante mas que é o que fica aos olhos alheios.
E é estranho se ver assim, pensar que quase ninguém te conhece bem, que as pessoas apenas tem uma idéia de você e mesmo assim já acham bastante. Estranho pensar que ninguém te conhece cem por cento. Essa idéia me é recorrente, talvez porque eu tivesse vontade de que me conhecessem, talvez eu seja melhor na minha totalidade; mas não, acho que a vontade de que não me conheçam é maior. Não pelo quê de mistério, isso é só fantasia, coisa boba, mas pra me guardar mesmo.
Aí eu até entenderia se alguém me perguntasse: "se guardar de quê? o que é que você teme?". Não saberia responder, porque nem eu mesma me decifro por completo. Se guardar pra não correr riscos, pra não cair, pra não se arrepender. Só hipóteses, porque há questões que talvez não devam ser escancaradas. Não agora. Então o que sobra é essa sobra de tempo, essa vida com cara de "subvida", mas eu diria que você não tem bons olhos se pensa assim. O olhar conta muito.
Ontem me disseram seguidas vezes que a única saída é esperar. Mas eu continuo insistindo, procurando uma saída pela tangente. Não. Na verdade eu tenho medo de me resignar tanto a ponto de cair na ignorância, de perder o poder de questionar, de brigar e alucinar. Ora, também se briga e se luta em silêncio, saibam.

domingo, 6 de julho de 2008

"kairós".

Is it too late to tell you that I don't mind?


esse tempo que não pára, fazendo estragos e deixando rastros no caminho... no meu caminho. duas semanas que passarão voando. mas alivia, não é?
descansar. descansa, coração.

terça-feira, 1 de julho de 2008

casa.

aconchego, mais um novo lar:
twitter.com/amanda_leal
conversinhas, fofoquinhas, espirros e trivialidades amandísticas não muito interessantes.