Parte 1 (18.12.2008)
Tenho me colocado a pensar sobre despedidas e todas essas cenas em que atuamos cedo ou tarde. Obviamente estou nostálgica, e quase chorosa. Ao contrário do que possa parecer, nem sempre estou apta a dizer adeus, mesmo que não seja prematuramente, ou que seja. Nem sempre é fácil calar o sangue, as emoções e deixar a mente e toda a possível sensatez predominar. Não foram raros os casos em que me envolvi e que depois me exigiram um adeus, sereno algumas vezes, precipitado e apressado, noutras. Na verdade, coloquemos o verbo ‘exigiram’ no presente, porque é a isso que me refiro e é a isso que me dôo. De doer mesmo, mais do que de doar, se é que consigo expressar-me. Não sou muito de demonstrar sentimentos e de externar lágrimas, digam que luto contra minha natureza feminina, ou até humana, mas não é isso; é quase natural. Não me nego, não renego, não renuncio, mas estes são os fatos e os sentimentos por trás dos fatos.
Não me orgulho das minhas insensibilidades ou das minhas inabilidades sentimentais, pelo contrário. Escrevo agora, talvez, na intenção de redimir-me um pouco, buscando mais afeto nas minhas palavras e nas minhas futuras tentativas. É claro que choro, pequena e desafetuosa, você ou um comum qualquer diria (julgaria?), mas choro. Ainda agora tinha lágrimas de saudade nos olhos. Lágrimas de devaneios, de pré-nostalgias, de quase despedidas.
Grande defeito meu, ficar antecipando as partidas, os adeuses e o que mais estiver por vir. Não é que doa-me antes, mas fico a remoer antes mesmo dos fatos serem fatos, consumados. Talvez sim, sofra antecipadamente, mas não sempre. Sou mais dramática e dissimulada do que sofredora, confesso.
Fico a relembrar os bons momentos, como se já estivessem distantes e me dou o direito de sentir saudade. “Como se tivesse do que sentir saudade, tão infantil”, pensas, talvez. E o que mais merece esse sentimento do que a infância? A minha merece e o tem, como nenhum outro momento. Pouco sei do resto, e não me bastam as impressões ilusórias que capto no caminhar, tantas vezes errante. O resto está aí, acontecendo sem que precise me mover, mas isso seria estancar, des-prezar. E eu prezo o que passou, o que passa deixando cicatrizes, o que aprendi, o que construí. Construí? Pretensiosamente, sim, e nada demais. Mas sentirei falta e não nego as minhas lágrimas, futuras ou passadas, ou as que caem agora, as que se formam agora para daqui a instantes surpreenderem-me.
Parte 2 (29.12.08)
A realidade está no que aprendi, no conhecimento que nunca é em vão. Os meus devaneios mantenho aqui dentro, ou no máximo, cuspo em fragmentos. Não foi a primeira, não há de ser a última despedida, forçosa ou não, definitiva ou não. Aí é que eu me coloco a questionar as injustiças que me vêm. Tento e não sei se falho pela insignificância de minhas tentativas ou se pela minha própria. Não sei se sou pouco levada a sério ou se não me faço ouvir o suficiente. Não sei como consertar(-me).
Num outro lugar
Há 7 meses
Um comentário:
não há como consertar-te, pq não é necessário. necessária, talvez, seja a evolução, que vem aos poucos, sem mesmo que você perceba.
e eu não vejo o que não te agradou nesse post, dãr!
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